PRONOMES

PRONOMES

Os pronomes (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) podem ser colocados em três lugares distintos na oração: antes, depois ou no meio do verbo. Para isso, as seguintes regras devem ser seguidas:

1) Colocação do pronome antes do verbo (próclise): Na língua portuguesa culta só ocorrerá a próclise quando houver uma palavra atrativa antes do verbo.

Certamente você está pensando “Caramba! Vou ter que memorizar tudo isso?” Na verdade, não, pois, no Brasil, a gramática moderna traz o seguinte: Usa-se próclise em qualquer circunstância, menos quando o pronome estiver no início do período. O uso da próclise, portanto, é permitido com ou sem palavra atrativa, a não ser no início do período. Por exemplo, uma frase sem elemento atrativo: “Ela dedicou-se aos filhos” ou “Ela se dedicou aos filhos”.

2) Colocação do pronome no meio do verbo (mesóclise): Na língua portuguesa culta só ocorrerá a mesóclise quando não houver palavra atrativa e o verbo estiver no futuro do presente (amanhã eu irei) ou no futuro do pretérito (se você fosse, eu também iria).

3) Colocação do pronome depois do verbo (ênclise): Na língua portuguesa culta só ocorrerá a ênclise quando não houver palavra atrativa nem o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito.

Quando houver locução verbal (dois ou mais verbos, indicando apenas uma ação ou qualidade), existem as seguintes regras:

Se o verbo principal (o que indica a ação ou a qualidade) estiver no infinitivo (terminado em ar, er ou ir) ou no gerúndio (terminado em “ndo”), pode-se colocar o pronome ligado a este verbo ou ao outro, o denominado auxiliar. Se ele for colocado junto do principal, ocorrerá a ênclise; se for colocado junto do auxiliar, seguem-se as regras anteriores.

Se o verbo principal estiver no particípio (terminado em “ado” ou “ido”), não se pode colocar o pronome junto dele, somente junto do auxiliar.
Conclui-se, então, que o primeiro verso de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, sem a licença poética, deveria ser assim escrito:

“Eu sei que te vou amar” ou “Eu sei que vou amar-te”.

Ficaria “maravilhoso”, não é mesmo?

Somente mais um detalhe: quando houver dupla atração, o pronome poderá ficar entre ambas ou após elas. Por exemplo: “Espero que se não aborreça comigo” ou “Espero que não se aborreça comigo”.

Comecemos com o pronome “cujo”: ele só poderá ser usado quando houver indicação de posse: algo de alguém = alguém cujo algo, ou seja, se houver indicação de posse, coloca-se o pronome cujo entre o elemento possuído e o elemento possuidor.

O pai do garoto = o garoto cujo pai; agora aumentemos o período: O garoto esteve aqui; o pai do garoto viajou. Unindo tudo em um só período, teremos: O garoto cujo pai viajou esteve aqui.

Se o verbo posterior ao pronome exigir preposição, referente ao elemento possuído, ela deverá ser colocada antes do pronome. Por exemplo: O garoto esteve aqui; eu me referi ao pai do garoto. Unindo tudo, teremos: O garoto a cujo pai me referi esteve aqui.

Mais um detalhe: não se colocam artigos (o, a, os, as) depois do pronome cujo, pois eles já estão inclusos no próprio pronome: O garoto cuja mãe viajou esteve aqui; O garoto cujos irmãos viajaram esteve aqui; O garoto cujas irmãs viajaram esteve aqui.


O pronome “quem” só deve ser usado para pessoas, sem a indicação de posse, evidentemente. Esse pronome, quando houver elemento antecedente, não poderá ser usado sem preposição.

Eu encontrei o garoto; você se referiu ao garoto. Perceba que não há indicação de posse, garoto é pessoa e o verbo referir-se exige a preposição “a”. Unindo as frases, teremos: Eu encontrei o garoto a quem você se referiu.

O pronome “qual” tem de ser usado com artigo anteriormente a ele (o qual, a qual, os quais, as quais) e é pronome substitutivo de “quem” e “que”, ou seja, onde se usar “quem” ou “que”, pode se usar “qual”. O artigo anterior ao pronome concorda com o elemento antecedente. Se houver preposição e ela possuir duas ou mais sílabas, use apenas “qual”, e não “quem” ou “que”.

Eu encontrei o garoto ao qual você se referiu. Comprei o computador o qual você queria. O carro do qual tanto se fala é importado. As meninas as quais ganharam a medalha são brasileiras.

Agora veja este exemplo: Fui à praia; você falou sobre a praia. Perceba que não há indicação de posse, praia não é pessoa e o verbo exige preposição de duas sílabas, então deveremos usar “a qual”, e não “que”: Fui à praia sobre a qual você falou.

O pronome “onde” só indica lugar e é usado onde puder utilizar “em que”. Se a indicação for “a que”, usa-se “aonde”; se for “de que”, usa-se “donde”.

A casa onde estou é aquela aonde você veio e donde ela saiu.


O pronome “quanto” só poderá ser usado após as palavras “tudo”, “todos” ou “todas”.

Traga tudo quanto quiser trazer. Coma todos os sanduíches quanto conseguir comer.


Voltemos agora à frase apresentada: Não há indicação de posse, portanto não usaremos “cujo”; funcionários são pessoas, então poderemos usar “quem”, “que” ou “qual”: o verbo “conversar” exige a preposição “com”. Teremos, portanto as possíveis frases:
 

Os funcionários da empresa com que conversei ontem deflagrarão a greve.
Os funcionários da empresa com quem conversei ontem deflagrarão a greve.
Os funcionários da empresa com os quais conversei ontem deflagrarão a greve